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Bélgica Proíbe Golfinhos em Cativeiro para Entretenimento e Reprodução

  • Caio Neuenschwander
  • 28 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de dez. de 2024


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A região de Flandres, na Bélgica, deu um passo histórico ao anunciar a proibição permanente de delfinários, encerrando definitivamente o uso de golfinhos para entretenimento na região. A decisão, divulgada pelo ministro do Bem-Estar Animal, Ben Weyts, coloca a Bélgica entre os sete países no mundo e o quarto na Europa a banir essas instalações. “Golfinhos são animais altamente sensíveis e inteligentes, que não prosperam em cativeiro. Como sociedade, precisamos fazer escolhas claras e colocar o bem-estar animal em primeiro lugar”, declarou Weyts.


A decisão tem impacto direto sobre o Boudewijn Seapark, em Bruges, que abriga atualmente sete golfinhos-nariz-de-garrafa. Este parque, alvo de críticas constantes de organizações de defesa dos animais, é o último delfinário em operação na Bélgica. Na natureza, esses golfinhos percorrem até 100 quilômetros por dia, vivem em grupos sociais complexos e apresentam comportamentos sofisticados de caça e interação. Em contraste, no parque, eles estão confinados a tanques pequenos e artificiais, que limitam drasticamente seus comportamentos naturais e impactam negativamente seu bem-estar físico e psicológico.


De acordo com a nova regulamentação, o Boudewijn Seapark tem até 2037 para encerrar completamente suas atividades com golfinhos. No entanto, medidas devem ser tomadas de forma imediata, incluindo a construção de uma piscina externa até 2027, para garantir que os animais tenham acesso a um ambiente mais próximo do natural, com ar fresco e maior espaço para se movimentar. Além disso, foi implementada a proibição de reprodução e importação de golfinhos, garantindo que o ciclo de cativeiro seja interrompido.


O plano prevê também que, no futuro, apenas abrigos especializados em Flandres poderão receber cetáceos feridos ou doentes, com a condição de que eles sejam mantidos exclusivamente para cuidados médicos e reabilitação, sem exibição pública. Essa abordagem visa proporcionar aos animais o tratamento necessário até que possam ser devolvidos ao ambiente natural, alinhando-se ao compromisso de bem-estar animal da região.


Um Histórico de Luta

A proibição dos delfinários é resultado de décadas de esforços de organizações de defesa dos direitos dos animais. Desde 1999, quando o Zoológico de Antuérpia fechou seu teatro de golfinhos, grupos como GAIA (uma ONG belga) e o Dolphin Project, liderado por Ric O’Barry, têm lutado pela extinção desses cativeiros no país. Essas organizações destacaram os danos psicológicos e físicos que os golfinhos sofrem em ambientes de cativeiro, ressaltando que esses animais altamente inteligentes formam laços profundos e são incapazes de expressar comportamentos naturais em tanques artificiais.


Ric O’Barry, fundador do Dolphin Project, celebrou a decisão como uma vitória após mais de duas décadas de campanha. “Trabalhamos incansavelmente para que os delfinários deixassem de existir na Bélgica. Agora, estamos finalmente vendo os frutos dessa luta. É uma sensação incrível saber que estamos no caminho certo”, afirmou O’Barry.


O Futuro dos Golfinhos

Essa decisão representa um marco na mudança de perspectiva global em relação ao uso de animais para entretenimento. Com o fim dos delfinários, os sete golfinhos atualmente no Boudewijn Seapark terão acesso a condições melhores enquanto permanecem no parque, até que este encerre suas atividades. Para eles, e para os inúmeros golfinhos que sofreram em cativeiro ao longo das décadas, a medida é um símbolo de esperança.


À medida que mais países seguem os passos de Flandres, cresce o debate sobre o papel da sociedade na proteção de seres sencientes. A proibição não é apenas uma vitória para os golfinhos, mas também um exemplo de como é possível priorizar a compaixão e o respeito pelos animais acima de interesses econômicos ou de entretenimento.


A Flandres mostrou que é possível evoluir enquanto sociedade, promovendo mudanças que valorizam a vida e respeitam os limites impostos pela natureza. Essa decisão deixa uma mensagem clara: o futuro deve ser de liberdade para os golfinhos, que merecem nadar livremente pelos oceanos, explorar o mundo ao lado de suas famílias e viver conforme a natureza os projetou.

 
 
 

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