Estufa de Tulipas Orgânicas na Holanda Utiliza Calor da Geração de Bitcoins para Tornar a Operação Mais Sustentável

Fotografia: euronews.com

Na Holanda, um país conhecido por sua liderança na exportação agrícola e sua paixão pelas tulipas, uma solução inovadora está transformando o setor de estufas. Diante do aumento vertiginoso dos preços de energia, muitos agricultores enfrentam desafios para manter suas operações viáveis. Alguns optaram por suspender o cultivo, enquanto outros, infelizmente, tiveram que fechar as portas. No entanto, uma produtora de tulipas encontrou um caminho sustentável e financeiramente inteligente: usar o calor gerado pela mineração de criptomoedas para aquecer sua estufa.

O Desafio dos Altos Custos de Energia

Os produtores holandeses têm enfrentado dificuldades desde o aumento global nos preços do gás natural, uma das principais fontes de energia para aquecimento de estufas. O impacto foi tão significativo que muitos agricultores reduziram suas operações, e outros, como a produtora de flores Danielle Koning, precisaram encontrar alternativas para evitar a falência.

“Alguns produtores decidiram parar o cultivo este ano, esperando por condições melhores no próximo. Em alguns casos, isso levou à falência”, explicou Danielle.

A Solução Criativa: Calor da Mineração de Bitcoin

Para superar esse obstáculo, Danielle firmou uma parceria com a empresa Bitcoin Brabant, especializada em mineração de criptomoedas. O processo de mineração, que utiliza computadores de alta potência para resolver cálculos complexos e validar transações de Bitcoin, gera uma enorme quantidade de calor. Esse calor, que normalmente seria descartado, está sendo reutilizado para aquecer a estufa onde Danielle cultiva suas tulipas.

De acordo com Bert de Groot, proprietário da Bitcoin Brabant, o processo é altamente eficiente: “Os mineradores de Bitcoin produzem muito calor. Há uma diferença de cerca de 20 graus Celsius entre o ar que entra e o que sai das máquinas. Isso ocorre porque os processadores estão constantemente realizando cálculos complexos, o que gera calor".

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Redução de Custos e Sustentabilidade Ambiental

Essa parceria se mostrou vantajosa para ambas as partes. O calor dos seis servidores de mineração instalados na estufa reduz significativamente a necessidade de aquecimento a gás, tornando a operação menos dependente de combustíveis fósseis. Além disso, os servidores são alimentados por energia solar captada por painéis instalados no telhado da estufa, o que reduz ainda mais o impacto ambiental da mineração de criptomoedas.

Danielle e a Bitcoin Brabant compartilham tanto a propriedade dos servidores quanto os lucros gerados pela mineração de Bitcoin, criando uma relação de benefício mútuo. A empresa de mineração realiza visitas mensais para manutenção, garantindo que os servidores funcionem sem problemas e limpando poeira e insetos dos ventiladores das máquinas.

Segurança e Sustentabilidade

Por razões de segurança, Danielle preferiu não divulgar a localização exata da estufa, já que cada máquina de mineração tem um valor estimado de €15.000 e poderia atrair ladrões. Apesar disso, a iniciativa tem chamado a atenção por seu caráter inovador e sustentável.

Bert de Groot afirma que a operação é “carbono negativa”, já que reduz a dependência de gás natural e utiliza energia renovável. Ele também gerencia uma iniciativa chamada Bitcoin Bloem, que permite aos clientes comprarem tulipas online usando Bitcoin como forma de pagamento.

Um Exemplo para o Futuro

A história de Danielle e sua estufa mostra como soluções criativas e tecnológicas podem ajudar a agricultura a enfrentar desafios econômicos e ambientais. Ao combinar o tradicional cultivo de tulipas com uma tecnologia moderna como a mineração de criptomoedas, ela não apenas manteve sua operação viável, mas também reduziu seu impacto no meio ambiente.

Essa abordagem inovadora pode inspirar outras iniciativas ao redor do mundo, incentivando a busca por soluções sustentáveis e integradas entre diferentes setores.